Voltando aos trabalhos do Blog, quero falar um pouco da final da Taça Rio de domingo, entre Botafogo e
Fluminense, que chegaram à decisão suando para passarem de Vasco e Flamengo
respectivamente.
Valentim e Abel. Duas gerações diferentes de treinadores se enfrentam em busca de primeiro título do ano. |
Vamos lá.
O Fluminense como todo mundo sabe é o time carioca com maior
dificuldade financeira na temporada, tanto que teve que dispensar vários
jogadores importantes como Henrique e Diego Cavalieri, perdeu Henrique Dourado
pro rival Flamengo, e foi o clube que mais sofreu para contratar reforços até o
momento. Com tudo isso, Abel tem investido pesado na base, e está conseguindo
fazer um trabalho que pode ser considerado bom, levando em conta o que tem em
mãos.
É bem verdade, que o Carioca não poder ser parâmetro, tanto
que o Tricolor foi eliminado para o Avaí na Copa do Brasil, mas se não fosse a
mão de Abel nesse time, o Fluminense poderia muito bem ter corrido risco até de
ser rebaixado no Estadual. No entanto, o time conseguiu superar as
adversidades, e se classificou como primeiro do grupo C, o que foi fundamental
para o tricolor na semifinal, pois garantiu a possibilidade de jogar pelo
empate contra o Flamengo, e foi justamente o resultado obtido pela equipe de
Abel, um 1 a 1 sofrido, suado, com os jogadores atingindo o limite de suas
forças para conseguir a vaga.
A situação no rival não é tão diferente, no entanto, o
Botafogo conseguiu dar uma respirada financeira na gestão do ex-presidente
Carlos Eduardo Pereira, e conseguiu se reforçar teoricamente bem no inicio da
temporada, trazendo nomes como Renatinho e Luiz Fernando, além do atacante
Kieza. No entanto, o planejamento errado feito no inicio do ano, com a
efetivação de Felipe Conceição como treinador, acabou custando caro ao
Alvinegro, que sofreu eliminação traumática para a Aparecidense, na primeira
fase da Copa do Brasil, além da derrota para o Flamengo na semifinal da Taça
Guanabara, com direito a chororô de Vinicius Júnior.
Com a chegada de Alberto Valentim para substituir Felipe
Conceição, o time começou a ter um panorama mais esperançoso, no entanto, uma
nova derrota para o Flamengo, jogou outro balde de água fria no time, que
depois, empatou com Volta Redonda, perdeu para o Vasco na ultima rodada da Taça
Rio, e só chegou na semifinal, pois o Flamengo derrotou a Portuguesa, rival
direto pela vaga, por 4 a 0, e o time da Ilha do Governador acabou sendo eliminada
no saldo de gols. A vaga para a final veio derrotando o próprio Vasco, em uma
partida sem brilho tático, mas de muita dedicação e entrega em campo.
Já deu pra perceber nessa explanação que são dois times
muitos semelhantes mesmo com suas diferenças. Ambas as equipes estão apostando
em uma base jovem e dando chance aos garotos da base. Uma diferença crucial que
podemos listar analisando as duas é o comando.
Não que o Alberto Valentim seja um técnico ruim, pelo
contrário, ele tem mostrado desde que assumiu o alvinegro que entende de futebol,
que tem comando e que sabe passar para os atletas aquilo que quer. No entanto,
é um trabalho curto, que está começando agora e que ainda tem muito a
amadurecer. Já Abel Braga, está há mais de um ano no Fluminense, conhece bem o
elenco que tem e mãos, e já tem um padrão de jogo mais bem definido do que o
rival.
Analisando os jogos das duas equipes nas semifinais, deu pra
ver um Fluminense mais bem postado, principalmente com linhas defensivas mais
sólidas que o Botafogo, e sendo menos agredido, mesmo enfrentando um adversário
mais forte que o do rival. A ausência de João Paulo pelo lado Alvinegro quebra
muito o esquema de jogo de Alberto Valentin, e acaba deixando o time mais vulnerável
defensivamente, já que, sem o camisa 8, os principais responsáveis por tentar
fazer a ligação entre defesa e ataque com a bola no chão são os laterais, que
apoiam bastante e deixam bastante espaço.
A estratégia do Fluminense é bem ousada. Abel começa o jogo
em um 3-5-2, com os laterais atuando como alas, quando o time tem a bola, o que
faz com que o jogo pelos lados do Tricolor seja muito forte, esbarrando nos
espaços que vão ser deixados por Marcinho e Moisés caso não haja uma boa
recomposição. Sem a bola, os laterais recuam para a defesa, e o time passa
atuar em um 5-3-2, com Sornoza e Marcos Junior voltando para cercar os adversários
onde a bola está, e apenas o atacante Pedro, fica um pouco mais avançado. Um sistema
defensivo muito participativo.
O Botafogo tem um esquema teoricamente mais ofensivo,
jogando com dois pontas que, teoricamente, fariam a recomposição e cobririam os
espaços deixados nos avanços dos laterais. No entanto, Leo Valência e Luiz
Fernando, titulares contra o Vasco, sofreram um pouco para fazer esse trabalho
de recomposição. O Chileno se saiu um pouco melhor, mas ainda assim, mostrou
que defensivamente ainda não consegue exercer totalmente essa função. Com
Rodrigo Pimpão, esse trabalho era feito de forma melhor, mas o atacante não
vive um bom momento, e acabou sendo barrado.
Dentro de todas as limitações das equipes, podemos esperar
um bom jogo, de muita entrega e empenho por parte dos jogadores dentro de
campo. Esse título, por mais que seja algo apenas simbólico nesse patético
regulamento do Campeonato Carioca, vai ser uma espécie de redenção e um impulso
para a equipe que sair vitoriosa, após ambas sofrerem eliminações traumáticas e
precoces na Copa do Brasil. Ganhar domingo não significa estar pronto pro
restante da temporada, mas pode ser um gás a mais, para que ambas consigam
ganhar confiança, deixar de lado o pessimismo, e levantar a cabeça para o
Brasileirão, que já está batendo na porta.
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